26 dezembro 2009

Feliz Natal de Jesus!


24 novembro 2009

bem haja, padre Alfredo!




Através do meu irmão Domingos, tive conhecimento há momentos do falecimento do nosso querido Pe. Alfredo Dias.
Aconteceu que, estando á mesa, me encontrava a falar com os meus colegas (um italiano e outro colombiano) e estava a contar-lhes que o meu Pároco, que me recebera quando entrei para o seminário, se encontrava hospitalizado em situação de saúde muito fragilizada - nesse momento chegou o telefonema do meu irmão...
O funeral terá lugar amanhã, e eu confesso que teria imenso gosto em poder estar presente... A minha situação não me permite de modo nenhum concretizar esse desejo de estar pessoalmente presente. 


Estarei presente, isso sim, através da minha Oração: Lembrá-lo-ei de modo especial na Eucaristia das 8 manhã (6 em Portugal) e sei que ele vai estar muito presente durante todo o meu dia - e na minha vida.
Estive pela última vez com o Pe. Alfredo nos primeiros dias de Outubro passado quando, visitando a minha Mãe no Lar, fui ter com ele para o saudar e lhe perguntar como estava: "olha, vou indo mas esta perna direita não está a funcionar muito bem... não sei o que é que aqui haverá..." Eu ri-me com ele e disse "mas agora também já não precisa de correr muito, pois não Sr. Pe. Alfredo?" Ele sorriu e concluiu "tens razão, agora os meus caminhos são curtos".
O Pe. Alfredo foi quem me recebeu - e me fez o exame de admissão - quando eu exprimi o desejo de entrar para um seminário missionário: recordo que me fez sentir muito livre, sem exercer alguma pressão.


Durante os anos de seminário recordo que era ele quem - durante as férias - reunia todos os seminaristas ás quintas-feiras, celebrava a Eucaristia e, de seguida, fazia uma sessão de formação.
Desde muito jovem fiquei marcado pela sua devoção á Santíssima Eucaristia e pelo entusiasmo e dedicação com que realizava os sagrados Lausperenes nas comunidades da Paróquia. Recordo sempre, com enorme emoção, as procissões nocturnas com o Santíssimo pelas ruas, quelhas e caminhos das Cimadas!


Nos anos recentes, recordo a abertura e disponibilidade do Pe. Alfredo em dar visibilidade á minha vocação ao serviço da Igreja missionária; em particular recordo a celebração dos meus 25 anos de sacerdócio e os meus dois envios missionários a partir da paróquia de Proença-á-Nova.
Quando eu passava por Proença e ele me introduzia á comunidade na Eucaristia recordo que, várias vezes se esquecia do meu nome e acabava por dizer "hoje temos connosco o padre...... o padre Zé da Zoina"!


Os meus sinceros pêsames á comunidade cristã de Proença-á-Nova e á Diocese de Portalegre e Castelo Branco por esta viragem de página na vida de um homem que, através do Sacerdócio ministerial, serviu longa e intensamente o povo cristão.


As minhas Orações são de gratidão ao Senhor da Vida, imensa gratidão, pelo dom que foi o Pe. Alfredo para quantos tiveram a Bênção de o encontrar nos caminhos da vida, pelo exemplo, determinação e espírito de serviço que ele nos deixou.


carta a um missionário


Querida Maria Fernanda,
não nos conhecemos mas, confesso, a tua carta emocionou-me intensamente. E perguntei-me: "como é possível alguém entender tão bem o lado pessoal e íntimo da nossa vida?"

Maria Fernanda, creio que já habitamos na mesma aldeia: a aldeia daqueles que, não obstante as suas imperfeições e as suas incapacidades, se entregam afincadamente á construção dum mundo onde todos possam saborear a Vida na sua plenitude.

É linda a paixão dos teus sentimentos e a admiração que dedicas aos missionários! 
Deixa-me dizer-te, porém, duas verdades: a)  como seria bom sermos perfeitos quanto os teus olhos nos vêm; b) todos os parágrafos da tua carta exprimem verdades e realidades maravilhosamente intensas, pelas quais passamos todos os dias da nossa vida missionária - e não tenho outras palavras para te dizer a minha gratidão senão aquelas que aprendi desde pequeno: Bem hajas! Muito mesmo.

p. zé martins
missionário na áfrica do sul

Eis a carta da Maria Fernanda:

Querido irmão, já vai longe o dia em que te vimos partir. 
Uma partida com destino certo, mas em que a única certeza, era a felicidade de sabermos que ias ao encontro daqueles que tão carinhosamente te esperavam, e que tão ansiosamente aguardavam a partilha do teu saber. Não era só a tua sabedoria, mas também o teu amor, a tua alegria, a tua fé e a tua coragem, que estavas disposto a dar, sobretudo para falar d’Aquele que te chamou e te enviou para junto deles.
Todos esses corações, todos esses sorrisos, todas essas famílias, todo esse movimento fraterno te tinha preparado uma excelente recepção de boas-vindas, bem como um “Lar” doce e acolhedor, que certamente pudeste desfrutar até hoje, apesar de rudimentar, pequeno e sem prazo.
Durante todo este tempo, tiveste a oportunidade de lhes dar a conhecer a Palavra e o Amor do Senhor nosso Deus, com os teus gestos, as tuas atitudes, a tua audácia e a tua devoção, enriquecendo e alargando os horizontes dos mais pobres e dos mais humildes, fortalecendo os mais fracos e abandonados, aproximando-os mais uns dos outros e de Jesus Cristo. 
Tudo isso se deve à tua disponibilidade! Tu que deixaste a tua família, os teus amigos, a tua terra e que te despojaste de todos os teus bens, trocando tudo isso por dias e noites sem horas, alimentos e refeições sem sabor, água imprópria ou escassa, climas destemperados ou imprevisíveis, tempestades de areia ou de escuridão, estradas desertas ou caminhos sem trilho, horizontes desnivelados ou sem cor...vida sem tempo mas com perdão!
No entanto toda a gratidão que recebeste, todo o brilho dos olhos que encontraste, todo o calor dos abraços que sentiste, toda a solidariedade que presenciaste, toda a amizade que fizeste, todos os ritmos que dançaste, todas as línguas que aprendeste, toda a humanidade que viste crescer, toda a natureza que observaste, todas as árvores que plantaste, todas as sementes que viste nascer - tudo isso te faz ficar, tudo isso te faz renovar... apesar da saudade que te aperta e do choro que te sufoca...
E vais ficando, viajando, ensinando, partilhando, amando e evangelizando.
E, nós por cá, vamos rezando, crescendo e multiplicando, vivendo e envelhecendo.
Pedimos-Lhe protecção para a tua missão, porque no fundo da nossa alma, o nosso sonho é igual ao teu, sermos missionários um dia, em homenagem ao Pai e a ti, irmão!

Maria Fernanda Pinheiro da Costa




18 novembro 2009

de "padre branco" a bispo


Jan de Groef é membro dos Missionários d'África, vulgarmente conhecidos por "padres brancos" devido ao hábito que os identificava como missionários.
Neste ano de 2009 Jan de Groef foi eleito bispo de Bethlehem, na província do Free State, África do Sul.

Monsenhor de Groef manifestou imensa generosidade em se dispôr a acolher na sua diocese um dos nossos missionários para o estudo da língua Sútho.



Ontem passei por Bethlehem - juntamente com o padre James Mwigani - para lhe agradecer pessoalmente a amabilidade que teve para com os missionários da Consolata.
Foi uma viagem de 850 quilómetros mas valeu bem a pena pelo tempo que passámos com D. Jan de Groeg e com o nosso confrade que está agora a terminar o estudo da língua Sútho e que, na segunda parte de Dezembro, começará a trabalhar na township de Daveyton, nos arredores de Johannesburgo.
Conheci de perto os "padres brancos" quando, em 2005, estive três meses com eles em Jerusalém.

19 outubro 2009

Dia Missionário Mundial

















Estimado P. Ilídio, Sacerdotes e Diáconos de Proença-á-Nova!


Os meus melhores votos de bem estar para todos vós, assim como para o Povo de Deus das comunidades por vós servidas!


A minha viagem de volta á África do Sul correu bem, graças a Deus!


Visitei as comunidades dos Missionários da Consolata em particular o Seminário Maior e, desde segunda-feira passada, estou a substituir um colega ugandês que foi de férias; falta-me encontrar os dois confrades que estão a estudar um a língua Zúlu e o outro a língua Sútho…


Foi com indescritível alegria que revi – nestes poucos dias – algumas pessoas nas comunidades cristãs! Mas uma triste notícia impediu-me de saborear totalmente a alegria do reencontro: faleceu há uma semana o senhor Joaquim Mbatha – um homem originário de Moçambique, já idoso e muito pobre; vinha sempre cumprimentar-me antes de Eucaristia, era de uma delicadeza imensa; nestes três anos que estive com ele dei-lhe algumas das minhas camisas, camisolas e até um casaco; dizia-me ele: “só as uso ao domingo!” E eu perguntei “e porquê só ao domingo”? “Para louvar o Senhor com o melhor que tenho”!


A Igreja celebrou no passado domingo o Dia Mundial Missionário. É uma data que nos recorda a grandeza da vocação á qual toda a Igreja é chamada: Anunciar a Boa Nova do Reino de Deus – Jesus Cristo Salvador – a todas as criaturas!


Para mim, este ano, celebrar esse dia recordou-me a intensa comunhão, a grande generosidade e o imenso carinho que ainda há poucos dias recebi de vós e das comunidades de Proença-a-Nova: o meu Bem Hajam imenso a cada um de vós, irmãos no Sacerdócio e na Vocação, e a todo o povo pela intensidade com que se relacionaram comigo e, através de mim, com as comunidades que os Missionários da Consolata servem neste país da África do Sul. Agradeço-vos com as mesmas palavras que as pessoas daqui usam: “Ningadingwa” – não se cansem (de fazer o bem)! E que as Bênçãos do Senhor sejam sempre abundantes sobre todos vós!


Abraços, fraternos e calorosos, para cada um de vós!


Sempre unido na Oração e no Ideal Missionário.

20 julho 2009

E agora?

E agora?

Estive em Somerset desde o dia 28 de Junho, domingo, até o dia 3 de Julho, sexta-feira: tempo para me inteirar e familiarizar com as tarefas que me esperam durante os meses de Julho e Agosto: pregar Jornadas Missionárias nos Estados Unidos, que aqui são chamadas de Missionary Appeals. É a primeira vez que venho aos EUA para este tipo de serviço missionário.

 

Aqui por estas partes, porém, toda a gente sabe o que isso é e como se faz! Incluindo os que, vindos de outros países – tal como eu – aqui se encontram com essa finalidade: Encontrei um colega que trabalha no Quénia e, nas férias académicas de fim de ano, vem regularmente fazer este serviço de angariação de fundos; encontrei também o "nosso" Simão Pedro, de Moçambique: foi um encontro muito breve porque ele chegou de uma das paróquias e, no dia seguinte, eu parti de Somerset; aliás, a urgência da chegada dele prendia-se com o facto que eu teria que usar o carro que ele estava a usar… O Simão Pedro foi deveras muito amável comigo em todos os aspectos – claro ele já anda nisto há três semanas! No final de Julho ele volta a Portugal e, depois, irá iniciar um período de estudos Bíblicos, mas ele ainda não sabe onde, se em Roma ou noutro lugar… Boa sorte Simão, e que tudo seja para o crescimento e a qualidade do serviço à Missão!

 

A minha primeira Jornada Missionária é no Estado do Michigan, a mais de mil e duzentos quilómetros de Somerset: Telefonei ao pároco da comunidade onde sou destinado no fim-de-semana 4 e 5 de Julho e ele disse-me para chegar lá ao meio-dia de sábado dia 4! Como é que vai ser? Bom, parto para Mount Pleasant MI, na sexta-feira 3 de Julho de 2009, ás sete da manhã, e o resto seja o que Deus quiser!


28 Junho 2009: do irmão para os irmãos

Saímos de Proença de manhã cedo – mas não suficientemente cedo para pararmos e matar o bicho pelo caminho – atrasei-me… Assim, por várias vezes o Domingos teve abrir as guélas do Astra para que eu pudesse chegar ao Aeroporto de Lisboa a tempo de todas as (muitas) exigências do voo para os Estados Unidos da América. Já há bastante tempo que me tinha apercebido das dificuldades a superar para quem, vindo por exemplo de África, entra na Europa. Mas para entrar nos EUA é outro para de calças! Quantos controlos que é preciso passar antes de pôr pé no avião… e não acabou aí. Ao entrar no país, para além de prova de não existência de culpas no cartório e do questionário da praxe, há que ser submetido à fotografia dos dez dedinhos das mãos e dos olhos até que, finalmente, lá vem o papelinho com os carimbo dos noventa dias de permissão para estar no país.


Em Lisboa, porém, antes de último abraço ainda tivemos tempo para um cafezinho no "nosso" bar: nosso porque já é nosso hábito tomar lá o café antes da partida – e o meu irmão adora contar umas histórias aos brasileiros do outro lado do balcão!

 

Foram oito horas e tal de voo até chegar a Newark, o aeroporto situado no Estado de New Jersey. Ao entrar no espaço aéreo americano deparei-me, porém, com as consequências dos ataques terroristas do onze de Setembro: o avião descreve uma curva imensa pelo norte – dado que, depois daquela data, não é permitido passar pelos céus de Nova Iorque.


Após a chegada a Newark um colega veio buscar-me para me levar a Somerset, a casa Provincial dos Missionários da Consolata aqui nos Estados Unidos: pouco mais de meia hora e estava entre irmãos, de novo!

Entre outros encontrei o padre Giuseppe Sesana, italiano, que trabalhou na África do Sul durante longos anos, e o padre Marcos Bagnarol, canadiano, que trabalhou em Portugal nos tempos em que eu lá trabalhava também. Fiquei admiravelmente surpreendido com o modo como o padre Marcos se recorda do português castiço e pelo modo adequadamente expressivo em que ele o usa, parabéns!



10 julho 2009

21-27Junho-2009 - Proença: família e amigos

 

No dia seguinte ao da minha chegada havia festa em Cardigos e Chaveira: O P. Manuel Tavares, missionário da Consolata, celebrava as suas Bodas de Ouro Sacerdotais. Antes mesmo da minha chegada a Portugal já a minha cunhada Idalina me tinha convidado, tendo entregue a respectiva quota de adesão para o almoço (cujo ganho era destinado a financiar um projecto missionário do P. Manuel Tavares na Missão de Likeleva, nos arredores de Maputo, em Moçambique.

 

A Igreja paroquial de Cardigos estava à pinha, tal como o salão de festas da capelania da Chaveira: tudo para dar graças a Deus pelo dom de cinquenta anos de sacerdócio missionário, e apoiar concretamente o trabalho missionário através da partilha dos bens.

 

Na festa do P. Manuel estavam presentes, como não podia deixar de ser, também os outros dois famosos moradores da 'Rua dos Padres': Norberto e Victor! Estavam presentes também os padres António, pároco da Freguesia, e o padre Jorge Amaro, missionário da Consolata, nascido nas encostas da Serra da Estrela, mais propriamente na Loriga.

 

A semana passou muito velozmente: de manhã e á tarde eu passava um período de tempo com a minha Mãe e, entretanto, estava por casa do meu irmão até porque precisava descansar, já que os últimos meses na África do Sul foram demasiado cheios e exigentes, e não sei o que me espera nos dois meses e tal de serviço de pregação missionária nos EUA.

 

No sábado, 27 de Junho, o padre Virgílio – com a sua já habitual amabilidade – deu-me a presidência da Eucaristia vespertina na Casa de Repouso: senti-me muito agradecido por poder guiar na Celebração da santa Missa aquela comunidade de idosos e doentes – autênticos Cristos Viventes – estando entre eles a minha Mãe. Bem hajas, Senhor! Entre outras coisas, voltei a recordar quão importante e significativo se pode tornar o sofrimento desses doentes e idosos quando oferecido, em comunhão com a Paixão de Cristo, pelo bem de toda a Igreja. Pedi-lhes que nas suas Orações continuassem a recordar os missionários e as necessidades da Igreja missionária. E foi assim, na Eucaristia, que me despedi da minha Mãe, uma vez mais. Até Setembro – se Deus quiser!

 

O serviço missionário é assim mesmo, radical e sem condescendências – para com todos os intervenientes: para mim que escolhi aceitar o chamamento missionário, mas também para a minha Mãe, idosa e doente, para o meu irmão e cunhada, e para um sem número de pessoas que se relacionam comigo: são todos intervenientes e estão todos envolvidos na grande aventura – e exigência – que é a Missão de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo!

 

 

20-Junho-2009: Abraços e beijos

Chegados a Proença, deixámos "armas e bagagens" em casa e abalámos directamente para a Casa de Repouso: A Ti Carma da Zoina estaria à espera! Demos a volta aos lugares onde ela costuma estar mas… a Ti Carma não a encontrámos. "Está na Missa" disseram-nos, "deve sair pelas cinco e vinte cinco"; ainda faltava meia hora e, por isso, fomos até à Vila resolver um assunto urgente – o da sede! – e quando voltámos lá estava a Ti Carma já à mesa, pronta para começar a jantar. A minha cunhada Idalina, maravilhoso Anjo da Guarda cheio de carinho e dedicação, andou à procura duma cadeira de rodas para levar a minha Mãe à Missa e, agora, estava a dispor as coisas na mesa para que ela pudesse começar a jantar.

 

Foi um abraço longo-longo e tantos, tantos beijos! Que saudades, meu Deus, que saudades! Bem hajas, Senhor, por me dares esta maravilhosa possibilidade de voltar a estar com a minha Mãe. Que maravilhoso presente o bom Deus me deu neste dia da festa da nossa querida e terna Mãe Consolata! Este dom, estou bem certo disso, é também a resposta às Orações dos cristãos das comunidades de Osizweni, que continuamente me perguntavam pela "Gogo" (Avó) e prometiam continuar a rezar por ela.

 

Encontrei a minha Mãe muito melhor do que da última vez que a vi, em Março deste ano. Nessa ocasião estive dez dias com ela mas, quando no final regressei à África do Sul, ela nem se apercebeu que me fui embora; depois a sua saúde complicou-se ainda mais; no final de Março e durante o mês de Abril o meu irmão e a minha cunhada telefonava-me diariamente – às vezes mais do que uma vez – e informavam-me do seu péssimo estado de saúde; durante esse tempo eles iam ao hospital de Castelo Branco uma e duas vezes por dia, e o que viam não foi animador durante muito tempo; o seu estado de (não)saúde era de tal modo que chegaram a esperar o pior, assim me diziam… mas a bondade de Deus é ilimitada e maravilhosa! No final de Abril a minha Mãe começou a melhorar e voltou para a Casa de Repouso, em Proença. Tinha recuperado a capacidade de falar, com sentido, conteúdo e memória e – após algumas semanas – já conseguia alimentar-se pela sua própria mão: Bendito seja o Bom Deus!

20-Junho-2009: Lisboa - Proença-à-Nova

Hoje é a festa litúrgica de Nossa Senhora da Consolata! No meu deambular para-gastar-tempo pelo terminal aéreo de Frankfurt quantas vezes a minha mente e o meu coração se deixaram transportar em oração e reflexão, considerando este dia da nossa Padroeira e o que Ela significa para os filhos e filhas do Allamano, assim como as comunidades cristãs por eles fundadas e assistidas nos quatro cantos do mundo. E eu ía-Lhe dizendo: "bem hajas, querida Mãe Consolata, por tantas e tantas graças que nos obténs; bem hajas pela bondade dos teus filhos e filhas, pelo carinho e bondade de quantos te invocam com o doce e terno nome de Consolata, bem hajas Mãe querida por todas as obras de bem-fazer originadas pelo teu carinho e amor para com os pobres e para quantos são tocados, em suas vidas, pela verdadeira Consolação, Jesus Cristo – o único nome no qual podemos ser salvos"!

 

Era quase meio-dia quando o avião da Lufthansa tocou solo português em Lisboa. Sair do avião, documentos, bagagem e… Generoso, fiel e dedicado como sempre, lá estava o Domingos à minha espera – acompanhado pelo Pedro e a Ana: que linda surpresa! Foi o tempo das boas vindas e dos abraços – desta vez não havia tristeza nem ansiedade nos nossos olhares, apenas alegria e gratidão pelo reencontro entre irmãos que se amam, se apreciam e se estimam como só os irmãos sabem fazer.

O Pedro e a Ana ficariam por Lisboa mas, antes de nos separarmos, houve tempo para um saboroso almoço no "vasquito" como disse o Pedro – o centro comercial Vasco da Gama!

 

Abraços de despedida ao Pedro e Ana, e aí vamos nós dois manos a caminho de Proença, parando nalguns sítios pois o calor apertava e havia que… "dar de beber à sede"; até porque, eu que vinha do Inverno sul-africano, sentia ainda mais a "sequidão" do Verão português antecipado.

 

 

19-Junho-2009: Pretoria - Lisboa

Ao princípio da tarde o padre Jesús Ossa leva-me ao aeroporto de Joanesburgo, agora baptizado de OR Tambo Airport. Devido ás muitas tarefas da última hora – melhor dito das últimas semanas! – atrasei-me na saída de casa em relação à hora combinada com o padre Jesús; não obstante isso conseguimos chegar ao aeroporto a tempo de fazer o check-in dentro do tempo previsto; devido ao número elevado de voos que se realizam ao fim do dia, e era uma sexta-feira, aconteceu uma grande demora na passagem da segurança e no controlo de documentos pelo que, depois disso, foi um corre-corre até embarcar no avião (acho que deveria dizer-se "enviãoar" pois aquilo não é um barco mas sim um avião!)

 

As longas viagens de avião têm a enorme vantagem de constituir uma oportunidade única para ocupações tais como: reflexão, meditação, revisão, planeamento… E tinha tantas coisas a transbordar da chávena da minha vida nos últimos meses, semanas e dias…

Por outro lado, com o preço a que estão os bilhetes de avião, há que usar bem o tempo de voo!

A viagem correu bem até porque, devido ao cheio que o avião estava, nem havia espaço para mexer os braços, se bem que as onze horas até Frankfurt, Alemanha, demoraram a passar. Tive que passear pelo terminal aéreo de Frankfurt mais de cinco horas mas, esse 'passeio' levou a que o bilhete custasse uns seiscentos 'europeus' a menos do que indo directo para Lisboa!

 

 

Ajudar para... receber ajuda!

Nos primeiros meses de 2008, os missionários da Consolata da África do Sul fizeram um pedido ajuda financeira às Obras Missionárias Pontifícias da América do Norte: tratava-se de apoiar, por um lado, o Seminário Maior a ser estabelecido na Delegação da Consolata e, por outro, os grupos de Voluntários de Cuidados Domésticos que cuidam dos doentes terminais de SIDA em suas casas.

Para poder ter acesso a essa ajuda, os nossos colegas da América do Norte, pediram a nossa colaboração na pregação de Jornadas Missionárias que, tradicionalmente, se realizam durante o Verão americano e que são chamadas de Missionary Appeals porque, de facto, se trata de appeals, apelos!

Assim, foi decidido que o superior da Delegação – por ser quem está mais livre de compromissos pastorais fixos – seria enviado aos EUA para fazer esse serviço de pregação e angariação de fundos; após vários contactos epistolares ficou decidido que o missionário da África do Sul iria fazer nove Jornadas Missionárias seguidas, ou seja, todos os domingos de Julho e Agosto – um grande desafio sobretudo para quem, como eu, nunca tinha ido aos Estados Unidos da América fazer esse tipo de trabalho.

03 março 2009

Umemulo

 

escrito por Carlos Domingos

 

 

Como muitos povos Africanos também os Zulus dão realce particular a certos momentos da vida como o nascimento, o período da puberdade até ao casamento e a morte. Tradicionalmente estes tempos especiais eram celebrados e marcados pelo sacrifício de animais aos antepassados.

 

Como vimos anteriormente, hoje os Zulus não têm uma iniciação à vida adulta para os rapazes. Mantêm-se ainda uma para as raparigas e a cerimónia chama-se umemulo. As cerimónias ou factos significativos da vida da jovem começam com a puberdade e culminam com o umemulo que é uma espécie de transição para a idade adulta.

 

Quando os pais orgulhosos de uma jovem (digamos, de 20 a 26 anos) vêem que a moça tem sido boa, respeitosa e não perdeu a virgindade, que “honrou” a família com o seu comportamento decidem proporcionar-lhe esta festa. Ela é agora, por sua vez, honrada, especialmente pelo pai, através desta cerimónia. A finalidade é agradecer e honrar o comportamento exemplar do passado agradecendo os antepassados, mas ao mesmo tempo, pedir as bênçãos dos antepassados para o futuro. No futuro inclui-se o culminar de qualquer relação que a jovem já tenha iniciado (mas sem levar ao sexo) ou inicie agora.

 

A cerimónia em si envolve a separação das outras pessoas por algum tempo significando a mudança de estado juvenil para adulto. Um elemento fundamental da cerimónia é o “teste da virgindade” para garantir que a jovem efectivamente se manteve casta. Outro elemento é o de no dia da festa a jovem, com as suas amigas mais íntimas, dirige-se a um curso de água para se lavar, mas sobretudo para se purificar ritualmente. Mais ninguém se pode aproximar das jovens durante este tempo. De retorno a casa esta é coberta com um xaile especial: o véu de gordura de uma cabra entretanto sacrificada, e cuja carne será consumida pelos presentes.

Segue-se a “reincorporação” caracterizado pelo sacrifício ritual de animais, danças e festas. Hoje é também costume a jovem receber vários presentes durante a cerimónia como notas de banco, que são fixadas ao seu cabelo ou ao guarda-sol com alfinetes.

 

É durante a cerimónia que a moça é declarada apta para o matrimónio e portanto o namoro por começar “oficialmente”. Se ainda o não tivesse feito, a moça podia talvez dar os primeiros passos mandando uma “carta de amor” a um jovem que lhe tivesse agradado. Mas como os Zulu não tinham escrita (a língua escrita foi articulada pelos missionários) estas “cartas de amor” na realidade são feitas de missangas de cores diferentes. Cada cor tem o seu significado e certas combinações referem-se a mensagens particulares. Encontros de namoro têm lugar quando o jovem visita ou também ele escreve uma “carta” a declarar quanto ama a jovem. Assim que a jovem decide que gosta deste pretendente pode dizer-lhe abertamente. É só depois de ambos terem admitido que se amam mutuamente que se mostram juntos em público. Os pais de ambos deveriam saber da relação só quando o jovem os informa que querem casar.

 

Obviamente, em geral há muitas festas de passagem dos “21 anos”, mas não são muitas as jovens que têm o umemulo, embora haja quem venha da cidade e até peça aos amigos que a acompanhem até aos cantos mais remotos da zona rural para afirmar fidelidade às tradições.

 

E embora o ideal da virgindade não seja tão atraente como em tempos passados, a sociedade aplicou esta tradição a outros campos. Hoje por exemplo bancos a oferecer “fundos de investimento do Umemulo” para significar precisamente um investimento que atinge a sua maturidade (e pode ser levantado) quando os filhos entram na maioridade (21 anos).

 

Face à síndrome da SIDA, há quem proponha um retorno às antigas tradições para contrariar o avanço do vírus e outras doenças venéreas.

 

 

18 fevereiro 2009

Acordai! Defendei a Nossa Democracia

Carta Pastoral na Preparação das Eleições Livres em 2009

 

Acordai! Acordai! Defendei a Nossa Democracia

 

17 Fevereiro 2009

 

Depois de 15 anos de democracia, estamos uma vez mais nas vésperas de novas eleições para escolher um novo governo. Desde as eleições ”milagrosas” de 1994, quando Deus respondeu às nossas orações, pedindo a paz, a excitação por causa do fim do apartheid e da nova experiência de votar passou. A África do Sul é uma democracia emergente, com todos os seus debates vigorosos, conflitos de interesses e respectivas lutas pelo poder.

 

Desafios Pendentes

Como nação fizemos muitos progressos ao longo dos últimos anos. Nós agradecemos a Deus pelos líderes sábios e desinteressados que nos ajudaram a conseguir isto e pela boa vontade manifestada por muita da nossa gente. No entanto estamos conscientes dos enormes desafios que enfrentamos. Nós sabemos que não há soluções fáceis para os problemas que enfrentamos, tais como:

 

- A pobreza, a crescente diferença entre ricos e pobres, o aumento dos preços e a falta de empregos;

- A falta de casas condignas, de serviços públicos e de prestação de serviços;

- Famílias instáveis, o aumento da violência doméstica e da gravidez juvenil;

- Exploração sexual e abuso do álcool e das drogas;

- Aumento das facilidades para o aborto;

- Os altos níveis de crime e violência, e um sistema judicial lento e muitas vezes ineficaz;

- O enfraquecimento dos órgãos da sociedade que deveriam fortalecer a nossa democracia, (tais como SABC e os tribunais de justiça);

- O aumento do HIV &AIDS e a condição vulnerável das crianças;

- A baixa qualidade da educação pública;

- O influxo de migrantes e refugiados e a correspondente xenofobia.

 

Estes e muitos outros problemas são um sério desafio para qualquer governo, e pertence a cada um de nós decidir qual o partido que apresenta a política e compromissos mais adequados para os enfrentar com eficácia. É importante julgar um partido pela sua visão política a respeito dos valores-chave do Evangelho, tais como a promoção da vida humana, a dignidade humana e a justiça, como reacção aos pontos acima referidos.

 

À medida que nos aproximamos das eleições, nós, vossos Bispos, gostaríamos de partilhar o nosso pensamento acerca da nossa jovem democracia, e sobre o que ela deveria ser. Embora haja muitos debates positivos e saudáveis acerca do que significa uma democracia, nós estamos conscientes de tendências que pensamos serem uma verdadeira ameaça. As tragédias que se seguiram às eleições no Quénia e no Zimbabué em 2008, lembram-nos, mesmo que a nosso caso não seja o mesmo, que nós não podemos descansar, e que defender uma autêntica democracia é um contínuo desafio.

 

De que é que nos devemos defender?

1. Cuidado com a lealdade cega

Nós não devemos continuar a votar por um partido simplesmente porque foi aquele que sempre apoiámos (uma atitude de “é o meu partido, tenha ou não razão”). Todo o cidadão deve perguntar se o partido que ele apoiou no passado está a fazer uma real contribuição para o progresso do nosso povo. Seguindo Jesus, compreendendo o que significa solidariedade, em Marcos 3:35, a nossa primeira lealdade deve ser para os nossos concidadãos e para com o bem do nosso país como um todo, não para com um partido ou líder determinado, “Todo aquele que faz a vontade de Deus, é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Não há nada de errado em mudar a nossa escolha de partido. Na verdade, às vezes é necessário fazer isso para que a democracia permaneça dinâmica e saudável. Lembremos que numa verdadeira democracia, nós não podemos basear a nossa escolha na raça, língua, tribo ou grupo cultural, mas nas políticas e nas posições dos vários partidos.

 

2. Cuidado com a intolerância e a intimidação

A liberdade de expressão não dá a uma pessoa o direito da falar abusivamente acerca dos outros. Assim, devemos ser cuidadosos em evitar dizer ou fazer qualquer coisa que intimide os outros, limitando assim a sua liberdade. Tais acções denotam intolerância ou falta de respeito para com outros modos de ver ou outras crenças e, de qualquer modo, uma tentativa de forçar alguém a votar num determinado sentido. Em Lucas, 6,35, nós somos alertados: “amai os vossos inimigos a fazei o bem”. Deste modo, o uso de linguagem violenta e de ameaças, é completamente inaceitável. O opositor, num contexto democrático, ao contrário do que acontece na luta contra a opressão, nunca é alguém que deva ser ultrapassado, mas antes um competidor que me desafia a examinar os meus próprios valores e convicções.

 

3. Cuidado com a corrupção

A corrupção (incluindo o favoritismo para com familiares e amigos no que respeita a empregos) destrói todas as conquistas da nossa luta pela justiça. Leva o povo a sentir-se desiludido, sem poder e sem esperança. Isto enfraquece a sua participação e destrói o coração da democracia. Todos nós precisamos de exigir uma contínua transparência e espírito de serviço por parte dos nossos líderes, a todos os níveis. Infelizmente, muita gente tem medo de desafiar a corrupção porque também eles são tentados por vezes a cair nela, ainda que seja em pequenas coisas, tais como procurar favores por parte dos amigos investidos em autoridade, ou na evasão fiscal. Todos nós precisamos de resistir à tentação, do modo que lemos em Mateus, 7:21, “Tira primeiro a trave do teu olho e então verás claro para tirar o cisco do olho do teu irmão”.

 

4. Atenção ao nada fazer

Numa verdadeira democracia todos os cidadãos são chamados a participar e a responder às questões que se levantam no dia a dia – não só em tempo de eleições. Contudo, muitos de nós nada fazemos porque nos sentimos impotentes para provocar uma mudança. Isto facilmente desenvolve uma atitude de dependência, em que simplesmente esperamos que seja o governo a tomar decisões e agir. Quando os cidadãos deixam de participar e não se importam de votar, os que se encontram em posição de autoridade sentem--se à vontade para agir como lhes agrada, sem medo de serem desafiados. Como nos é recordado em Mateus 7:21, “Não é aquele que me diz: “Senhor, Senhor” que entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus”. Vamos comprometer-nos, cada um de nós, a construir o nosso país e a nossa democracia em conjunto, e a fazer um esforço para nos tornarmos envolvidos num processo que dê esperança àqueles que ainda esperam por um futuro melhor.

 

A nossa tarefa como Cristãos

Como Cristãos, nós somos chamados a trabalhar com todos os sul-africanos para assegurar o crescimento dos valores e procedimentos democráticos. Nós acreditamos que Jesus Cristo nos mostra o caminho da plenitude da vida. Por isso, neste tempo de eleições nós somos especialmente chamados a considerar as seguintes exigências da nossa fé:

 

1. Devemos promover os elementos centrais do Ensino Social Católico, incluindo:

a. Respeito pela vida e pela dignidade humana;

b. Responsabilidade social e o bem comum;

c. Uma justa distribuição da riqueza e dos recursos naturais;

d. A importância da participação e

e. A compassiva solidariedade para com os pobres e marginais.

 

2. Devemos escutar as necessidades dos pobres e dos marginais, fazendo delas a nossa prioridade.

 

3. Devemos ter a coragem de defender as nossas convicções no meio dos nossos amigos, vizinhos e colegas, e nas nossas actividades políticas; mas mostremos também respeito pelas opiniões dos outros, e estejamos preparados para aprender deles.

 

4. Vamos promover os valores da família e os valores de ubuntu, desafiando o individualismo e a ambição.

 

5. Vamos  promover o respeito pela Lei e exigir que os nossos líderes políticos façam o mesmo.

 

6. Devemos estar atentos e vigilantes para desafiar todas as ameaças à nossa democracia.

 

Uma Chamada à Oração

Para nos apoiar na realização da nossa tarefa como Cristãos, pedimos a cada paróquia para começar uma vigília de oração, a partir de agora até às eleições. Pedimos também que, em cada missa, durante este período, a seguinte oração, ou outra semelhante, seja incluída na Oração dos Fiéis:

“Senhor, pedimos que as nossas próximas eleições sirvam para um aprofundamento da nossa democracia, e que nós cumpramos os nossos deveres de cidadãos de modo responsável e no respeito pelos direitos dos outros. Que as escolhas que fazemos possam trazer esperança aos pobres, unidade a todo o nosso povo e um futuro mais seguro e pacífico para as nossas crianças”.

Esperamos que todas estas orações  nos inspirem e nos decidam à acção, de tal modo que a Igreja venha a ser uma grande força na construção da justiça e da paz na nossa amada terra.

Que Deus abençoe a África.

 

Arcebispo Buti Tlhagale

Presidente Conferencia dos Bispos Católicos da Africa do Sul

 

27 janeiro 2009

Nigéria: Padre católico raptado no sul do país

 

Lagos – Homens armados raptaram domingo, 25 de Janeiro, em Port Harcourt, " capital petrolífera" do sul da Nigéria, um padre católico como vítima das violências, soube-se hoje (segunda-feira) de fonte policial.

 

O padre Pius Kii foi raptado numa estrada do centro da cidade à saída de uma igreja, indicou o porta-voz da polícia de Rivers, um dos Estados de delta do Niger.

 

Os raptores não foram identificados mas teriam pedido um resgate entre 50 e cem mil US Dólares.

 

O delta do Niger é teatro de violências regulares perpetradas por militantes armados que multiplicaram, há três anos, os raptos de funcionários do sector petrolífero, bem como de homens políticos locais e seus aliados.

 

Os reféns são na maior parte das vezes libertados alguns dias ou semanas depois, ao invés dos resgates.

 

Os militantes, que afirmam agir em nome das populações locais, tomam regularmente as instalações petrolíferas e os barcos que navegam as águas do delta.

 

 

26 janeiro 2009

o padre já chegou

















Sim, o padre já cá chegou!
Agora já só falta mesmo que chegue o bispo.

O padre José Luis chegou á África do Sul no passado dia 18 deste mês de Janeiro; na tarde desse mesmo dia - como se ele não estivesse cansado após mais de 12 de avião! - dirigimo-nos para sul em direcção á cidade de Newcastle, no norte da Província do KwaZulu-Natal. A meio da viagem apanhámos uma violentíssima tempestade em que o granizo - eram pedras como punhos! - deixaram marcas no tejadilho do carro; chegámos ao destino já bem depois de jantar, que acabou por ser consumido ainda mais tarde dado que 'todo o mundo' queria cumprimentar o "bishop-elect"!

O dia 19, segunda-feira foi passado em fraternidade, saboreando e agradecendo ao Mestre o dom do padre José Luis como bispo do Vicariato de Ingwavuma: Eucaristia e encontro.

Para o almoço eu tinha convidado o recém-ordenado bispo de Dundee, Mons. Graham Rose, assim como o bispo emérito, Mons. Michael P. Rowland, que foi o primeiro bispo da diocese de Dundee e um maravilhoso amigo dos missionários da Consolata; foi convidada também a Sra Isabel Seady, secretária da Diocese aos tempos do bispo Michael, ela que sempre foi muito próxima aos missionários da Consolata.

A manhã e o almoço passaram velozmente, demasiado depressa dado o clima de amizade, fraternidade e comunhão. Após o almoço foi tempo para abraços e despedidas: cada qual voltou á sua Missão.

Voltei para Pretoria, fazendo de motorista ao-que-há-de-ser-bispo. Dois dias depois fui levá-lo ao lugar onde se realiza a assembleia dos bispos da Conferência Episcopal da África do Sul, Swazilândia e Botswana: embora não tenha ainda a mitra já foi convidado a participar na reunião magna da sua nova comunidade.

A ordenação episcopal do padre José Luis terá lugar a 18 de Abril em Mtubathuba.

17 janeiro 2009

Quénia: Assassinado Missionário da Consolata

"O Padre Giuseppe dedicou toda a sua vida ao ensinamento" disse à Agência Fides o Pe. Giuseppe Ettorri, da Casa Generalícia dos Missionários da Consolata em Roma, recordando o Pe. Giuseppe Bertaina, assassinado na manhã de 16 de Janeiro, no seu escritório em Langata, no Instituto de Filosofia dos Missionários da Consolata, em Nairóbi, no Quénia.  O Pe. Bertaina era o reitor e administrador do Instituto.

 

"Cheguei do Quénia, há um mês: Eu e Pe. Giuseppe ensinámos juntos no Instituo onde foi assassinado", conta Pe. Ettorri. "Do que me foi referido, algumas pessoas entraram no Instituto durante o horário das aulas. Os estudantes e os professores estavam nas salas e não notaram nada de suspeito, mesmo porque o escritório de Pe. Giuseppe se encontra no primeiro andar enquanto as salas de aula estão no rés-dp-chão. Os agressores espancaram o P. Giuseppe, amarraram-no e sufocaram-no, tapando-lhe a boca com papéis. Não se sabe ainda se ele morreu sufocado e se foi estrangulado…".

 

Pe. Bertaina, de 82 anos, nasceu em Madonna dell'Olmo, na província de Cuneo, norte da Itália, e fora ordenado sacerdote em 1951. Estava no Quénia desde os anos 60. Sempre desempenhou a sua missão neste país, para além de um período passado na África do Sul, onde estudou", recorda Pe. Ettorri.

 

"Infelizmente os homicídios com objectivo de roubo são um fenómeno em contínuo aumento e atinge também com frequência os Institutos religiosos e outras obras da Igreja", conclui o missionário.