04 abril 2007

morre salvando vidas

“Podemos salvar mais uma vida” foram as últimas palavras da Irmã Anne Thole, da Congregação das Irmãs Nardini, para uma outra Irmã antes de voltar a entrar no edifício em chamas que acolhia os doentes terminais de HIV/Sida. No primeiro andar havia ainda outros três doentes acamados. A colega da Irmã Anne – Immaculate Ndlovu – conseguiu escapar segundos antes de o telhado pegar fogo e desabar, matando os doentes e a heróica Irmã Anne.

Após ter entrado e saído várias vezes do edifício em chamas, de onde conseguiu retirar cinco doentes, a Irmã Anne tentou salvar mais vidas – “podemos salvar mais uma vida” gritou ela para a outra Irmã – e acabou oferecendo a sua própria vida. Uma heroína!

A trabalhar há dois anos na Missão de Maria Ratschitz perto de Dundee, sede da nossa diocese, a Irmã Anne de 35 anos de idade, tinha trabalhado na pastoral vocacional e ultimamente tinha a seu cargo a formação das postulantes.

O edifício que servia de hospício para os doentes terminais de HIV/Sida tinha sido restaurado nos anos noventa sob a directa supervisão da Herança Patrimonial do KwaZulu-Natal pela qual era protegido.
Após a restauração do edifício – construído pelos Monges Trapistas na última década do século dezanove – as Irmãs Nardini fizeram dele o centro de apoio aos doentes de HIV, instalando aí um hospício que tem ajudado um elevando número de doentes. Até que, na noite de sábado para domingo, de 31 de Março para 1 de Abril, um incêndio deflagrou no primeiro andar do edifício reduzindo tudo a cinzas, só os muros exteriores ficaram de pé; lá dentro um monte de cinzas cobre o que resta de quatro corpos: os três doentes e a Irmã Anne que, para os salvar, deu tudo o que tinha – a sua própria vida!

“O nosso programa de apoio aos doentes de Sida vai continuar” garante a Irmã Irmingard Thalmeier, encarregada do programa, “mas o incêndio e destruição do edifício representa uma grande barreira para os doentes que necessitam de cuidados constantes e continuados”. E conclui: “A Irmã Anne é uma verdadeira heroína, estou certa que vale a pena morrer tentando salvar uma vida”.

Tal como Jesus: ontem em Jerusalém – hoje na Missão de Maria Ratschitz.