28 setembro 2006

seis meses














Sim, faz hoje exactamente seis meses que pisei solo sul-africano pela segunda vez!
No dia da minha chegada – 28 de Março – deixaram-me em eMbalenhle, onde permaneci dois meses.
Um tempo curto, é certo, para me aperceber de tudo – mas suficientemente longo para apreciar os dons de Deus naquelas pessoas e comunidades: foram deveras maravilhosos comigo!

Depois, durante três semanas, visitei os meus co-irmãos e as missões onde trabalham.


Pretória
O primeiro lugar que visitei foi na diocese de Pretória, onde trabalham dois colegas – um italiano e outro colombiano.
Recordo com grande emoção a Eucaristia a que presidi em Mamelodi no dia de Pentecostes: quanta alegria, vitalidade e entusiasmo! A mistura de línguas usadas nos cânticos – zulu, súto e inglês – exprimia de modo completo aquilo que celebrávamos – a festa em que Espírito Santo anima e fortalece a comunidade cristã para o anúncio do Evangelho a todos os povos!

Joanesburgo
No domingo seguinte estive na diocese de Joanesburgo, em Daveyton – uma das townships mais perigosas de toda a África; os dois missionários que lá se encontram vêm do Quénia e da Tanzânia.
O que mais me tocou da minha brevíssima passagem por Daveyton foi o maravilhoso acolhimento que as pessoas me reservaram na comunidade onde celebrei a Eucaristia. Nunca me tinham visto, eu era apenas mais um padre ‘umlungu’ que um dos animadores tinha levado á comunidade… Numa igreja – em que as chapas de zinco batidas pelo vento eram como que uma orquestra não convidada, e em que o frio fazia juntar as pessoas – as pessoas começaram por me olhar de modo a perceber quem era o padre… No momento da partilha da Palavra decidi falar-lhes daquela palavra de Deus que é cada um de nós: disse-lhes que já tinha estado neste país, falei-lhes da minha Mãe que, com 87 anos, me viu partir de novo para a missão, contei-lhes que éramos quatro irmãos e que agora somos dois… falei-lhes da bondade do imenso número de amigos e benfeitores; e concluí dizendo “celebramos hoje a festa da Santíssima Trindade – Deus que, em Si mesmo, é família – uma ocasião preciosa para percebermos que a família que somos desafiados a construir vai muito, mas muito mesmo, para além de nós mesmos, do lugar onde habitamos e para além do nosso país; hoje a vossa família cresceu e modificou-se – para sempre! E a minha também – bem hajam”! Ia a abrir a boca para começar o Credo mas... começaram a bater palmas!
No final da Eucaristia houve alguns doentes que vieram pedir-me uma oração; resultado: acabei por fazer a imposição das mãos a todas as pessoas!
Já estava dentro do carro do animador que me levaria de volta quando vieram trazer-me uma oferta: “ padre, é para comprar um bebida para a viagem”.
Daveyton, o índice de criminalidade será dos mais altos em África – mas a bondade é muito mais!

Dundee
Na terceira semana de Junho estive em Damesfontein, diocese de Dundee, com o padre Carlos Matias (da Várzea dos Cavaleiros!) e o padre Cassiano (moçambicano que, entretanto, foi transferido para Roma).
Estive pouco tempo em Damesfontein para poder aperceber-me da realidade de pobreza e dispersão – espero poder voltar, isso sim.
Enquanto em Damesfontein, tive a bênção de celebrar o dia da Juventude em Mayflower juntamente com o padre Cassiano e um grande número de jovens de várias comunidades; o dia da juventude tem lugar no dia 16 de Junho – dia em que se comemora o massacre de Sharpeville, quando a polícia do apartheid abriu fogo sobre os estudantes negros que protestavam contra o ensino obrigatório da língua afrikans.
O encontro tinha por tema “os jovens e a construção da Igreja”, e houve lugar para palestras, trabalhos de grupos, plenários e…. muita música, alegria e juventude!

Cheguei á comunidade da Consolata em Madadeni na última semana de Junho: quatro missionários de três continentes e quatro países: Itália, Portugal, Quénia e Colômbia.
Embora residindo em Madadeni (de domingo à noite até sexta de manhã) o meu lugar de trabalho é Osizweni.














Nestes três meses que me encontro em Osizweni, a minha grande prioridade tem sido visitar os doentes –são tantos! – e, para além do running normal das comunidades cristãs, dedicar tempo ás crianças dos três infantários existentes na missão: é um verdadeiro banho de alegria, inocência e despreocupação – bem hajas, Senhor, pelas crianças!