07 maio 2010

campeonato mundial e direitos humanos


O Cardeal Napier fala do risco de tráfico humano durante o Campeonato Mundial de Futebol


A experiência demonstra que todo grande evento desportivo atrai numerosos turistas, o que incorre num aumento da demanda de favores sexuais.
Para a Campeonato Mundial de Futebol 2010 (que acontecerá de 11 de Junho a 11 de Julho deste ano), prevê-se a chegada de centenas de milhares de apaixonados por futebol à África do Sul.


As organizações de proteção às crianças e de direitos humanos advertem que o tráfico de pessoas pode se agravar com a chegada ilegal ao país de adultos e crianças, que vêm da Ásia, Europa Oriental e de outras regiões de África, para fomentar a indústria do sexo.
Nesta ocasião, a Igreja Católica se prepara para acolher as equipas e visitantes, é claro, mas também para tomar iniciativas de combate ao risco de exploração (veja em www.churchontheball.com).


O arcebispo de Durban, cardeal Wilfrid Fox Napier, explica em entrevista, as atitudes a serem tomadas pela Igreja em favor dos direitos humanos.
Mostra que a iniciativa de uma maior distribuição de preservativos não é eficiente na contenção da difusão do HIV: "É como dizer que o único modo de curar o alcoolismo será dando bebidas gratuitamente a todos os alcoólicos".


- Eminência, o que diz sobre o risco de que haja um aumento da prostituição de menores em razão do Campeonato Mundial de Futebol?
Cardeal Napier: Há sinais de que as máfias dedicadas a isto entraram em ação. Também são crescentes as notícias de crianças desaparecidas e de casos de adolescentes e jovens adultos que são apanhados em oportunidades de trabalho "boas demais para se poder resistir".


- Há atividades específicas que a Igreja gostaria de promover neste evento?
Cardeal Napier: Nós estamos realizando muito trabalho de sensibilização e divulgação de informação, usando casos reais aplicáveis. Da mesma maneira, estamos pedindo ás escolas católicas e as associações de mulheres para darem maior alcance à atividade de divulgação do tema relacionado aos direitos humanos. Por outro lado, eu devo dizer que o governo também tem o mérito de fazer um grande trabalho, mostrando-se aberto a colaborar com as organizações não-governamentais.


- A Igreja Católica é a única que intervém?
Cardeal Napier: Outras Igrejas e associações cristãs, como também as pessoas de outras religiões, estão cada vez mais participativas, por exemplo, a Conferência Mundial sobre Religião e Paz, o Conselho Inter-Religioso KwaZulu e o Fórum Nacional de Líderes Religiosos.


- A verdadeira preocupação deve-se ao medo de uma transmissão maior do vírus HIV face à demanda maior no mercado do sexo. Recentemente, a Grã-Bretanha anunciou que daria 42 milhões de preservativos à África do Sul em resposta a um pedido deste mesmo país que, especificamente para a Copa do Mundo, instituiu um programa de prevenção ao HIV. Qual é o seu ponto de vista?
Cardeal Napier: O Governo de Jacob Zuma nunca deixa de surpreender! Poucas semanas atrás, uma campanha anti-HIV / AIDS foi iniciada e muito divulgada, cujo objetivo é que 15 milhões de pessoas façam o teste de HIV, mas o segundo passo, deste mesmo governo, é aceitar, ou "pedir e aceitar", 42 milhões de preservativos da Grã-Bretanha. É uma loucura!
Diz-se que os preservativos são para a Copa do Mundo: mas só se esperam para o evento entre 250.000 e 300.000 apaixonados pelo futebol; e considerando, obviamente, que nem todos têm um estilo de vida promíscuo, a quem são destinados realmente estes preservativos? Não é talvez outro exemplo da decadência do Ocidente e de sua vontade de vender seus decadentes bens às decadentes elites emergentes?


- Uma última pergunta: como nasceu a oração especial para o Campeonato Mundial de Futebol FIFA 2010?
Cardeal Napier: A oração, como também outros meios de atenção espiritual das igrejas, estará à disposição durante o Campeonato Mundial de Futebol e é fruto de um acordo entre vários âmbitos: conferências episcopais, dioceses e paróquias.

(Mariaelena Finessi)