21 fevereiro 2010

"basta-,me a Tua graça"

Estimada Lígia,

"basta-me a Tua graça" (2 Cor 12,9) é a Palavra que tu escolheste como farol para os teus passos aos serviço do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo – que Palavra maravilhosa!

Parabéns e bem hajas por nos recordares a todos que somos chamados a ser apenas servos ao serviço do Mestre: é Ele quem trabalha em nós e através de nós.

Hoje á noite terá lugar a Vigília de Oração em preparação para o mandato missionário que receberás amanhã; todas as grandes festas da Liturgia são precedidas por uma Vigília, e o teu envio missionário é uma Festa memorável para a Igreja: a tua disponibilidade para o serviço do Evangelho vem na continuidade dos milhares de homens e mulheres que, ao longo dos séculos, se dispuseram a ir "até aos confins da terra" para "pregar o Evangelho a todas as criaturas" segundo o mandato do Nazareno.

Todos estamos bem conscientes de que a missão de anunciar o Evangelho é universal: em todos os tempos, em todos os lugares, a todas as pessoas em todas as situações – "eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim".

A Missão não é geográfica, nunca o foi – é essa a força da sua universalidade. 

A Missão é doação e entrega ao Mestre – tão simples, e tão exigente, como isso.

A Missão é confiança e abandono aos desígnios de Deus – "basta-me a Tua graça".

A Missão não é propriedade nossa – somos apenas a ocasião para que Deus se revele.

A Missão é, por excelência, deixar tudo, sair e partir – em obediência ao Espírito que nos guia.

Estimada Lígia, há algo de extremamente tocante, misterioso – mesmo divino – quando um missionário recebe o Crucifixo do mandato, deixa tudo e parte para ser povo de Deus com outros povos, noutros locais. No mundo em que vivemos é tão difícil deixar tudo e partir… a maioria das pessoas, mesmo na Igreja, não consegue perceber… Feliz de ti a quem o Senhor deu a Sua luz. A felicidade da entrega á Missão é a recompensa do desapêgo das seguranças e a alegria de ir para onde Deus quer.

Estou certo que irás repetir a ti mesma, todos os dias, a Palavra que escolheste – "basta-me a Tua graça". Nos momentos de felicidade e alegria olharás para o teu Crucifixo e dirás "obrigado Senhor, basta-me a Tua Graça"; nos momentos de dificuldade e desalento irás apertar em tuas mãos esse teu Crucifixo e dirás "Senhor, basta-me a Tua graça… basta-me a Tua graça"!

Há uns quinze anos, em Fátima, coloquei-te ao pescoço – como a muitos outros jovens – num CJM (Convívio Juvenil Missionário) uma cruz que tinha sido feita em Moçambique. Desde então nunca, mas mesmo nunca, deixaste essa cruz: que maravilhosa fidelidade a tua!

Bem hajas imensamente, estimada Lígia, pelos muitos anos em que o Senhor nos colocou no mesmo caminho: desde o CTM94 (Campo de Trabalho Missionário de 1994) até… até hoje e até ao futuro de Deus! Bem hajas pela tua generosidade, a tua alegria, a tua disponibilidade, as tuas capacidades. Bem hajas pelo teu exemplo em ter acolhido o mandato do Ressuscitado: "ide por todo o mundo".

Lígia, confia, confia n'Ele sempre: "eis que Eu estou convosco, todos os dias, sempre"!

 

Unido na amizade, estima e admiração asseguro-te a minha Oração.

Um grande abraço para todos na tua família – uma família agora aumentada ao tamanho da Missão!


p. zé martins fernandes
(áfrica do sul)

15 fevereiro 2010

"serei o vosso protector"

No dia 16 de Fevereiro os missionários da Consolata celebram a festa litúrgica do Pai Fundador, o Beato José Allamano. Seguindo a tradição que vem dos tempos iniciais do Instituto de escolher um protector anual, neste ano de 2010 é ele mesmo o Beato Allamano que foi escolhido para nosso protector anual – um protector muito especial para todos nós missionários da Consolata.

Eis aqui, de seguida, parte de uma carta que o Padre Aquiléo Fiorentini, Superior Geral do Instituto da Consolata, escreveu aos missionários espalhados pelo mundo:

 

"É com grande satisfação que vos dou a notícia de que o protector especial do Instituto para 2010 será o Beato José Allamano, nosso Pai Fundador. Os motivos que orientaram esta escolha ligam-se com os eventos que a nossa Família será chamada a vivenciar durante este período específico: A 7 de Outubro de 2010 cumprir-se-á o 20.º aniversário da beatificação do Fundador, acontecimento que tencionamos viver com renovada intensidade para que a santidade do pai continue a propagar-se entre os seus filhos; além disso, no ano 2010 estamos convidados a partilhar da gratidão e da alegria das Irmãs Missionárias da Consolata, a quem estamos ligados em virtude da mesma origem e missão, pelo 100.º aniversário da sua fundação.

 

Desde a sua entrada para a eternidade o Fundador tem sido sem dúvida o nosso protector especial, mesmo quando assim o não designáramos especificamente. A nossa experiência disso é prova. Ele próprio tivera consciência desta sua eterna missão quando, por volta do fim da sua carreira neste mundo nos garantiu «Do céu eu haverei de vos abençoar ainda mais. Farei muito mais do que aqui».

Esta sua tão firme esperança ficou escrita em linguagem claríssima no testamento que deixou aos seus filhos e filhas: «Quando morrer, espero tornar-me vosso protector no céu».

 

Na altura em que, com grande intuição, José Allamano iniciou a linda tradição de designar um protector anual para o Instituto, tinha tido como objectivo explícito dar aos seus filhos e filhas não só um padroeiro mas também um "modelo" de vida. É que ele não se contentava com nos convidar à oração; ele também, indicava sempre uma virtude típica do santo a imitar com especial empenho. Por exemplo, assim se manifestou ele no dia 1.º de Janeiro de 1905: «Este ano o protector especial do Instituto será São Francisco Xavier. Portanto não só temos que lhe rezar com frequência: temos sobretudo que o imitar na humildade e na obediência» (Conferências IMC, I, 82).

 

Bem sabemos que a escolha dos protectores foi muitas vezes inspirada ao Fundador pela sua pessoal sintonia de espírito, como aconteceu por exemplo no caso da escolha de S. Vicente de' Paoli em 1905, de Santo Inácio de Loyola em 1914, do Beato António Neyrot em 1911 ou o Beato José B. Cottolengo em 1918. Ou então a sua escolha era influenciada pela ligação especial de um dado santo à identidade missionária do Instituto, como no caso de S. Fiel de Sigmaringa em 1909, a Beata Teresa do Menino Jesus em 1923 (que então era apenas Venerável), e os Beatos Mártires do Uganda em 1921. Por vezes uma situação específica do Instituto também lhe sugeria a escolha de um protector, como foi o caso de São Francisco de Assis, que ganhou a nomeação por dois anos consecutivos, 1916 e 1917, por causa das dificuldades causadas pela Primeira Guerra Mundial.

 

Todos estes motivos no seu conjuntosão actuais para nós e nos movem a escolher o nosso Pai Fundador como nosso "protector" e "modelo" nesta época em que nos defrontamos com desafios cada vez mais inesperados no que toca à missão, à colaboração apostólica com as igrejas locais e com os leigos, e quando a nossa própria vida comunitária se desenrola na interculturalidade.

Tal como costumava acontecer então, também hoje José Allamano nos garante a coerência com a nossa finalidade especificamente missionária e com o nosso estilo de vida, indicando-nos o modo de a concretizar, de acordo com o seu espírito, nas situações novas que temos de enfrentar, sem o modificar no que é essencial.

 

Durante o ano de 2010 tencionamos rezar mais pela intercessão do Beato Fundador, descobrindo as formas mais convenientes de o fazer, por exemplo valorizando sobretudo o dia 16 de cada mês – a sua festa litúrgica celebra-se a 16 de Fevereiro, dia do seu falecimento. Mas também tencionamos comparar-nos mais com ele, que é nosso modelo sem par, para que o sintamos vivo e, mais do que nunca, presente, tanto a nível pessoal como comunitário".

 

 P. Aquiléo Fiorentini
Superior Geral