30 dezembro 2006

ano novo: Bênção de Maria

Estamos para iniciar um novo ano!
Novas – imensas – possibilidades se abrem perante nós e perante o mundo.
Ao iniciar o novo ano a Igreja oferece-nos Maria como Mãe.
Mãe de Deus e Mãe de todos nós!
Por isso aqui fica a

Bênção de Maria

Que nossa Senhora abençoe o teu ir,
O teu vir e o teu estar.
Que nossa Senhora abençoe o teu pensar,
O teu fazer e o teu dizer.

Que Ela te abençoe nas tuas alegrias
E que Ela te abençoe quando choras.
Que Ela te abençoe quando acordas
E que Ela te abençoe quando adormeces.

Que os Seus braços te envolvam
E que Ela te aperte contra o Seu coração
Para que estejas com Ela e com Jesus
E que nunca te separes deles.


Ano novo abençoado – para todos!

22 dezembro 2006

a verdadeira luz do mundo!



















O povo que andava nas trevas viu uma grande luz.
O Senhor consola o seu povo.

Como são belos sobre os montes os pés do missionário que anuncia a paz, que traz a boa nova e que proclama a salvação.

Eis que vem o teu Salvador.

Anuncio-vos uma grande alegria.
Hoje nasceu o nosso Salvador – Jesus Cristo Senhor.

Neste dia nasceu para nós a verdadeira paz e reconciliação.
Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado.
Será chamado «Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz».

Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos.
Nasceu-vos hoje um Salvador – Jesus Cristo Senhor.

Maria envolveu o menino em panos e deitou-o numa manjedoura,
porque não havia lugar para eles na hospedaria.

Glória a Deus e paz na terra.

Salvou-nos pela Sua misericórdia, gratuitamente.

Começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino.
Maria conservava todas estas coisas no seu coração.

Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.
Deus falou-nos por meio do seu Filho.

No princípio era a Palavra – a Palavra era Deus.
A Palavra fez-se carne e habitou entre nós.

A Graça e a Verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
Tudo foi feito por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito.

N’Ele estava a Vida e a vida era a Luz para todos!

19 dezembro 2006

encontros

13 dezembro 2006

natal… seropositivo

Nesta quadra do ano é costume, um pouco por todo o lado, fazer almoços, jantares ou festas de Natal. Empresas, grupos ou escolas quase todos o fazem. São ocasiões únicas de encontro e fraternidade, mesmo se com algum consumismo á mistura. O Natal é um tempo para trazer ao de cima o melhor que há no coração humano. E tudo teve início porque associado ao acontecimento histórico de Deus que vem habitar a vida humana, com todos os seus altos e baixos: sonhos, dramas, incongruências, desumanidades, doenças, injustiças, desamores, doação, entrega, partilha e todos os nobres ideais. Natal é Emanuel!

Ultimamente, porém, está a ser moda (triste moda!), ou melhor dito, está a ser politicamente correcto sobretudo nas escolas da Europa não ter festas de Natal e não fazer qualquer menção do nascimento de Jesus – com o arrazoado, dizem, de não ofender os não cristãos. Quem assim faz, porém, para além de abdicar covardemente do que é seu, acaba por ofender os cristãos. E os cristãos, onde quer que eles estejam, também são gente. Pagam impostos como todos e, como todos, têm direitos. Haja bom senso, humanidade e – como costuma dizer um meu confrade – juízo!

Vem tudo isto a propósito de que hoje tivemos a festa de Natal, com almoço, para as pessoas infectadas com HIV-SIDA de Osizweni. O acontecimento foi organizado pelo grupo Cuidados Domésticos (CD) – Home Based Care. É um grupo de pessoas que teve início e é apoiado pela Igreja Católica de Osizweni mas ao qual pertencem pessoas de várias denominações religiosas. São voluntários e têm como tarefa prestar apoio domiciliar aos seropositivos: cuidar da higiene dos doentes e, frequentemente, também da habitação; dado que os infectados estão no programa ARV (Anti RetroVirais) há que zelar para que tomem os medicamentos segundo os critérios do médico e apoiá-los para a visita (semanal) ao médico.
É um serviço frequentemente escondido e há que ter força interior para continuar dado o défice de vida dos doentes. Para poderem ser eficazes no seu serviço, os membros do grupo CD recebem formação inicial (antes do início do seu serviço de voluntariado) e formação periódica. Parte central da formação dos membros do grupo CD é a dimensão religiosa, e os membros católicos são muito activos dentro da comunidade.
Antes do almoço houve uma sessão que começou com um serviço religioso de cura e bênção, seguido de várias intervenções de pessoas especializadas no apoio a seropositivos e no combate ás causas da pandemia da sida. A assembleia, mais de cem pessoas, era constituída pelos doentes e pelos membros do grupo CD, aos quais poderemos chamar de “cuidadores” dado o seu serviço de cuidar dos doentes. Algo que fazia doer tremendamente o coração era a presença de trinta e seis crianças – órfãs e muitas delas infectadas pelo nascimento. Veio-me à mente a frase do poeta: “Mas, Senhor, porquê as crianças”? E a única resposta de que sou capaz é… o uso que fazemos da liberdade cria estas situações.
Um dos intervenientes partilhou com a assembleia as conclusões de um relatório recentemente publicado: se não houver mudança nos comportamentos, dentro de nove anos a esperança média de vida para as pessoas deste país será de… 51 anos (49 anos para os homens e 53 para as mulheres). Se for verdade é trágico. Mas pode mesmo vir a ser verdade, e nós padres tocamos semanalmente com mão essa realidade dramática e final: depois de amanhã temos o funeral de uma mulher de apenas 53 anos.

Entre as palavras de cada interveniente havia cânticos e – paradoxalmente – muita, muita alegria! Um homem seropositivo foi o interveniente mais aplaudido: “nós os seropositivos estamos vivos graças ao trabalho dos nossos “cuidadores” – viva a vida!

12 dezembro 2006

propostas












Hoje fui a Damesfontein. Fui levar um grupo de onze rapazes que vão participar num encontro vocacional de uma semana. No total são mais de três dezenas, e vêm das missões onde os missionários da Consolata se encontram a trabalhar.

Porque estamos em tempo de férias, férias de Verão, os jovens dispõem de tempo e nós aproveitamos para lhes fazer propostas de maior amplitude. É o caso deste encontro, em que os jovens serão confrontados com uma proposta vocacional missionária.

O encontro é orientado pelo padre Rocco, italiano, no que aos conteúdos e liderança diz respeito e pelo padre Carlos Matias (do Vale do Pereiro, Sertã) nos aspectos logísticos.

Saí de Damesfontein pelas três da tarde mas não vi o padre Carlos… estava fora, na comunidade de Mayflower, ocupado na preparação da festa que terá lugar no próximo domingo: o quadragésimo aniversário de Ordenação Sacerdotal do padre Ettore Viada; nesse mesmo dia o padre Viada fará também a sua despedida da missão de Damesfontein, pois em Janeiro vai transferir-se para Daveyton, na Diocese de Joanesburgo.

Saí de casa às sete da manhã e quando cheguei eram sete da tarde, depois de seiscentos quilómetros, oito horas de estrada e as costas a suplicar descanso. Tudo isso é oferta ao Mestre e Senhor da seara para que, se Ele assim quiser, algum desses jovens se apaixonem pela Missão segundo o estilo dos missionários da Consolata!

11 dezembro 2006

osizweni – pretória – osizweni

No dia 16 de Outubro, após mais de três em Osizweni, fui enviado para Pretória. O colega que eu estava a substituir em Osizweni voltou das suas férias e, consequentemente, retomou o trabalho na missão de Osizweni. Entretanto em Pretória um dos missionários tinha saído também para férias e era necessário outro para ajudar em Waverley e Mamelodi. Fiquei por lá até ao dia 30 de Novembro.
Foi um tempo agradável: recordo com particular emoção as Eucaristias em Mamelodi, cheias de vida, participação e alegria; em Waverley recordo o encontro com numerosos portugueses que frequentam a comunidade cristã, gente muito dada e sensível; tive a bênção de visitar alguns doentes, em casa e no hospital, levando-lhes a Sagrada Comunhão; no fim até me fizeram uma festa de despedida, em que várias vezes me perguntaram “porque não fica aqui”? Mesmo sabendo que teriam dificuldade em perceber, lá lhes fui explicando que a Missão não é onde nos querem ou onde nós queremos, por muito agradável e valioso que isso seja, mas a Missão é lá para onde somos enviados. É uma urgência que se realiza na fidelidade Àquele que envia! Mas que tamanha exigência, meu Deus, é um arriscar-se continuamente.

No dia 30 de Novembro voltei para a comunidade de Madadeni, para trabalhar na missão de Osizweni. O padre Tarcísio Foccoli, actual Superior dos Missionários da Consolata na África do Sul, trabalhou em Osizweni durante os últimos oito anos e vai agora para Pretória.

No dia 2 de Dezembro fomos até Dundee, sede da diocese, para participar na Ordenação Sacerdotal da Zamuva Mlangeni. É o décimo sacerdote diocesano desta diocese, estabelecida apenas há treze anos; para nosso ‘santo’ orgulho, a maior parte deles vêm de paróquias onde estão missionários da Consolata.

O colega que vim substituir tinha escolhido o dia 3 de Novembro como data da sua saída de Osizweni: uma grande festa de adeus e agradecimento pelo trabalho que ele aqui realizou durante oito anos. A festa contava de duas partes: a Eucaristia solene e, de seguida, sessão de agradecimento e almoço no salão da comunidade de Maria Imaculada.

A Eucaristia, com a máxima participação de movimentos e grupos, foi rica de simbologia, vitalidade e alguma emoção; afinal foram oito anos muito intensos que a comunidade viveu com o padre Tarcísio que, entre outras coisas, construiu quatro infantários e três igrejas.

Após a Comunhão, teve lugar a passagem do testemunho: o padre Tarcísio fez-me a entrega solene das chaves do Sacrário e, de seguida, um dos membros da comunidade colocou-me na cabeça o “isicoco” – símbolo de autoridade entre os Zulus.

No salão, enquanto se ouviam discursos de várias pessoas e grupos, entremeados com danças e cânticos, a assembleia ia almoçando e confraternizando. Depois de receber os presentes de agradecimento, o padre Tarcísio agradeceu as pessoas pelo carinho que lhe dedicaram ao longo dos anos, e despediu-se de todos com a oração do pai-nosso e Bênção.

Bem hajas Tarcísio pelo teu entusiasmo, dedicação e serviço a esta linda gente de Osizweni. Unwele olude!