26 abril 2006

a primavera acabou…















‘Nunca pensei que ela chegasse até ao Natal de 2004’, disse-me o meu colega quando, ontem, a animadora da célula lhe comunicou que a Mbáli – Flor – tinha falecido.
É o caso para dizer que primavera já acabou, mesmo se aqui na África do Sul, só agora, estamos a entrar no Inverno: a Mbáli definhou e…. murchou, lenta e completamente.

Mbáli – foi assim que decidi chamar-te porque habitavas este lugar, eMbalenhle; mas dei-te esse nome – Flor – também pela tua juventude, pela ânsia de viver que vi no teu olhar – um olhar imensamente intenso e profundo – e pela serenidade que se respirava no pequeno quarto que partilhavas com tua mãe.

Flor, conheci-te há pouco tempo – demasiado pouco para saber algo de ti – mas… tocaste a minha vida, profundamente.

Sabes, Mbáli, há tanta gente a falecer nestes aqui em eMbalenhle: gente de meia-idade, crianças, jovens…Mas das pessoas que até agora conheci, tu és a primeira a partir… tão cedo, e após tanto sofrer…

Vinte e cinco anos não é idade para morrer, não!
Vinte e cinco anos é tempo para viver, desenvolver-se, trabalhar, constituir família; 25 anos é tempo para amar! É tempo para ser mãe, tempo para dar vida – e não, ficar sem vida…

Mbáli, o teu sofrimento já acabou, e eu acredito firmemente que, na casa do Pai, tu serás umas das flores mais belas, uma daquelas que Ele, ao passear no Seu jardim, mais acariciará. Sim, porque aceitaste a cruz com tal serenidade e amor que só Ele poderia ter-te dado força para tal.
A tua ânsia de viver – como ela era visível no teu olhar! – atingiu agora a vida plena: “vim para que tenham a vida e a tenham em plenitude”.

Bem hajas, Mbáli! Sim, bem hajas imensamente por… teres tocado a minha vida com teu olhar!

Sem comentários: