15 abril 2006

12 anos depois


eMbalenhle 30 de Março de 2006

Cheguei à África do Sul, na passada terça-feira, 28 de Março de 2006; a última etapa da viagem constou de 11 horas de voo no-stop – coitadas das minhas pernas, costas e dos meus fracos “apoios”!
O p. Carlos Domingos (um missionário da Consolata português, a trabalhar na África do Sul hà 12 anos) foi buscar-me ao aeroporto e... apanhou duas horas de seca à minha espera; viemos almoçar - já passava das três da tarde - aqui a eMbalenhle, que já é na diocese de Dundee, mesmo no topo norte, ligando com a de Johannesburgo; ele queria levar-me a visitar a missão na diocese de Pretória e a outra na diocese de Johannesburgo mas o Superior estava aqui à espera e, por isso, viemos logo aqui para eMbalenhle.

eMbalenhle, a missão onde me encontro, é um nome que significa «no lugar da flor bonita». Na verdade, eMbalenhle é uma cidade de cerca de 240.000 (duzentos e quarenta mil) habitantes - a grande maioria a viver em barracas de chapa...
Esta cidade foi iniciada nos tempos do apartheid como lugar de habitação para os africanos negros situados na proximidade de Secunda e Evander - daqui a Secunda são 20 Km... - cidades que vivem das minas de carvão e ouro e, sobretudo, das estações energéticas da Sasol. Os missionários da Consolata já trabalharam aqui no início dos anos 80, mas então viviam na cidade branca de Evander; regressaram há poucos anos atrás, fruto da opção preferencial e exclusiva pelos mais necessitados, os africanos negros dos grandes slums urbanos.

Para mim tudo é novo aqui em eMbalenhle, apenas o colega com quem estou não é novo: porque tem 64 anos, e porque há doze anos eu tinha estado com ele uns cinco anos, mas numa realidade completamente diferente daquela em que nos encontramos agora. De qualquer modo, creio que não haverá problemas de maior (ele tem grande experiência pois já está neste país há 34 anos) e saberemos trabalhar juntos para o bem desta gente. Entre os 240.000 habitantes os católicos conhecidos são pouco mais de dois mil, nem chegam a ser 1%...
Do nosso território fazem ainda parte outros dois lugares contando mais de 150.000 habitantes: Lebohang e Kinross.
Estou num mundo imenso e, por enquanto, eu nem me sei orientar no meio de tantas quelhas, ruas e estradas, numa geografia quase plana onde tudo me parece a mesma coisa; mas creio que será uma questão de tempo e... de ir abrindo os olhos, a mente e o coração.

Estarei aqui em eMbalenhle pelo menos até aos meados de Maio – e o motivo mais urgente é para o serviço da Semana Santa, dado que temos três centros de culto...; de 8 a 12 de Maio teremos a Conferência da Delegação e, a seguir, terei um mesito para rever a língua Zulu; depois disso não sei se me mandam para aqui de vez, ou se será para outro lado; mas... estou em crer que será para aqui, pois é este o lugar que está vazio...

1 comentário:

Ana Rita Batalha disse...

Existem pessoas cuja grandiosidade de coração nos traz "brilho" ao olhar... porque... são aquilo que são, sem que se consiga descreve-las! O meu amigo Pe. Zé Martins é uma dessas pessoas, capazes de fazer com que cada pequeno gesto conte, cada momento seja importante e que qualquer lugar onde esteja, seja o lugar onde pertence.
Entre amigos assim, nunca existem distancias,porque o eco da amizade é mais forte que qualquer silêncio! um beijo imenso todos os dias. NARI