04 maio 2006

família de… irmãos

A situação da família neste país é, para dizer o menos, bastante delicada para não dizer crítica – tendo em conta os critérios a que estamos habituados no mundo ocidental. A cultura, a história, a tradição e a visão religiosa são elementos centrais para tentar interpretar a situação e, aí está o segredo, colher os valores que dão corpo à família nesta cultura africana.

No meu caso, o tipo de família que venho vivendo é a família de… irmãos, no Instituo Missionário da Consolata. Vejo e vivo esta situação com a convicção de que essa é uma realidade em construção contínua; creio que é ir mais além em relação ao que já vivi: é essa novidade e, ao mesmo tempo, o desafio que me é oferecido – e que me ofereço – cada dia.

Na segunda e terça-feira após a Páscoa nós, os missionários da Consolata, encontrámo-nos em Damesfontein. É uma óptima tradição deste grupo – agora somos apenas 14 – encontrar-se cada dois meses; objectivo? Para ser família, rezar, conviver, reflectir…. ser família! Família de irmãos.

















O P. Matthew Ouma encontra-se de visita aos missionários da Consolata deste país; ele é membro do Governo-geral do nosso Instituto e foi-lhe confiado o continente africano; chegou até nós vindo da Etiópia.
Esteve 4 dias aqui em Embalenhle: fez perguntas, pediu relatórios; juntos rezámos, juntos comemos e juntos lavámos os pratos – em família, de irmãos.
Na próxima semana, juntamente com o P. Matthew, estaremos reunidos em Newcastle para reflectir sobre a realidade em que nos encontramos, para avaliar e reformular o nosso ministério missionário.

Ser família de irmãos é… partilhar o que se tem e, onde quer que nos encontremos, saber e sentir que somos sempre família. É isso que eu sinto nesta partilha que o P. Tomás me enviou ontem: «Estive em Sadani a ajudar, sobretudo atendendo à Quaresma e Páscoa; vim de lá no domingo passado e esta semana estou em Iringa (a participar num seminar - um acto regional de formação permanente, dado por duas irmãs irlandesas. É em inglês, o que reduz o número de "attendance". Dura até sexta feira. Em seguida, talvez já no sábado ou domingo (depende do transporte) vou para o novo "assignment". Já estava alinhavado mesmo antes de eu ir para Sadani, mas agora é que é o momento: vou tapar o buraco na ausência do pároco (congolês) que vai de férias. Creio que vai este mês, mas o quando só o saberei quando lá chegar. O que virá a seguir, e exactamente quando, não sei. Mas também pode ser que me prolonguem a estadia lá, visto que também não tem vice-pároco.

O lugar é a paróquia de Ikonda. Ao lado temos o nosso grande hospital do mesmo nome. Portanto, há mais três padres e um irmão (director e capelão do hospital, director de uma escola de técnicos/as de laboratório e irmão construtor). Mas a paróquia é que está desprovida. É nas montanha Livingstone Range, a mais de 2000 m de altitude, zona fria e chuvosa. É entre os Wakinga – uma tribo muito distinta/distante dos Wahehe de Iringa ou dos Wabena de Makambako – conhecidos como grandes trabalhadores diligentes, forçados à emigração. Mas pouco mais sei, para já».
Bem hajas, P. Tomás!

Ser família… de irmãos é sentir que todos são parte de mim, de nós! Por isso procurámos ajudas para socorrer a família Mabuza cuja casa ardeu: No domingo pedimos na comunidade e, depois, fomos levar cobertores, roupas, duas camas, comida… Todos tínhamos que fazer algo, somos uma família – de irmãos!

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