22 maio 2006

vamos a outros lugares

Nos primeiros dias da próxima semana deixarei eMbalenhle - terei completado então dois meses de presença nesta missão.
Sim, são dois meses de calendário mas a sensação que tenho é que estive aqui muito mais do que sessenta dias.
Foi um tempo breve, sim, mas muito intenso - é quanto me diz o coração.
 
Quando cheguei à África do Sul colocaram-me aqui mas eram poucas as possibilidades de eu cá permanecer; e as possibilidades desfizeram-se completamente quando, na segunda semana deste mês, ficou decidido que eMbalenhle seria entregue à Diocese até finais de 2008. Somos poucos... 
 
Estando aqui em eMbalenhle dei-me conta que, dia após dia, se tornava mais forte a minha relação com as pessoas e com as comunidades. Participei em tudo o que me foi possível para... aprender e conhecer, entrando aos poucos na família que estas comunidades compõem.
Fui conhecendo grupos, famílias e pessoas e, com elas, fui-me tornando parte da família. Juntamente saboreámos a fraternidade e a alegria, estivemos unidos nos momentos de sofrimento e - sobretudo - sonhámos colaborar na construção daquela família que é habitada por Deus. Foi muito, muito bom!
 
Quando ontem, no final das Eucaristias que celebrei, me despedi das comunidades foi grande a surpresa da reacção que notei - nas pessoas e em mim.
Dei comigo emocionado, cheio de nostalgia e - porque não dizê-lo? - saudade. Sim, saudade - mesmo se ainda aqui estou...
Quando disse que não voltaria a estas comunidades, as pessoas reagiram com um ôh... longo e lamentoso; depois da Eucaristia algumas delas vieram ter comigo dizendo «vamos falar com o Sr. Bispo»...  Lá lhes contei que, desde o princípio, não era certo que eu ficaria aqui em eMbalenhle e que, na verdade, nada dependia do Sr. Bispo; compreenderam e concluiram dizendo «que pena, padre, agora que já estávamos a habituados...».
 
No pouco tempo que aqui estive as pessoas abriram-me a porta de suas casas e de suas vidas, admitiram-se à mesa da sua intimidade; e eu senti-me parte deles, desde o primeiro dia. Partindo daqui, elas vão comigo e, estou certo, algo de mim fica também com eles - para sempre!

1 comentário:

Anónimo disse...

Se os nossos irmãos sentem a saudade ao fim de dois meses, imaginem o que sentimos nós ao fim de doze anos... A saudade é sempre muita, mas fica sempre a memória das coisas boas, e das más, pelas quais passamos. Todas elas nos fizeram crescer. E também eu posso dizer: "Foi bom, foi muito bom"...

Nelson....