“Morro mas vou com os amigos”
Estimado P. Armando,
Bem hajas pela tua presença na minha vida.
Bem hajas pela tua alegria, pela tua energia e determinação.
Bem hajas, de todo o coração, pela tua fraternidade.
Encontrámo-nos muitas vezes, mas os encontros mais significativos - aqueles que deixaram marcas - aconteceram nos últimos anos: Agradeço o Senhor da Vida por nos ter proporcionado esses momentos cheios de intensidade e alcance.
Passei várias vezes por Proença nos últimos anos por motivo da situação de saúde da minha Mãe.
Foram sempre períodos muito breves - as exigências da Missão não permitiam mais - mas sempre me disponiblizei para os serviços pastorais e tive a Bênção de partilhar contigo e com os teus Irmãos bastantes momentos.
Recordo a tua insistência para que eu fosse tomar as refeições convosco: "não precisas avisar", dizias, "vem e senta-te á mesa"!
Recordo quando me convidaste para intervir num Convívio Fraterno com uma palestra e Eucaristia.
Recordo a tua azáfama e preocupação em me proporcionar um meio de transporte para as Eucaristias dominicais: por duas vezes me deste o teu próprio carro, a última das quais era um veículo que tínheis comprado há muito pouco tempo. "Sempre que vieres a Proença usa um transporte nosso, não precisas de usar o da tua família".
Recordo as horas passadas, na vossa sala de estar, em partilha de vida: preparando a liturgia dominical e condividindo a vida nos seus altos e baixos: como eu admirei a tua serenidade e confiança!
Armando, há bastantes anos houve, porém, um momento que me marcou muito pela transparência com que te revelaste. Encontrámo-nos no Eco e bebíamos um café - ou era uma cerveja? - quando tu me contavas da viagem que tinhas acabado de fazer ás Missões dos teus Irmãos na Guiné Bissau: "sabes, Zé, não tenho vergonha de dizer que esta viagem me transformou, sou um homem diferente hoje e tenho uma visão nova da Igreja, não há nada como ser missionário!"
Certo, a conversa decorria entre dois membros do mesmo 'sindicato' - dois missionários - e não havia nada de melhor do que saber e sentir que estávamos no sítio certo a fazer aquilo que o Mestre queria de nós.
É verdade, Armando, "não ha nada como ser missionário": bem hajas de todo o coração!
Teu irmão, p. josé martins fernandes.
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"Morro mas vou com os amigos"
Esta foi a última mensagem que o P. Armando pediu para escrever no seu telemóvel como resposta a um familiar.
Depois de um calvário longo e com muito sofrimento, o Padre Armando Tavares partiu de forma serena às 6h30 do dia 3 de Novembro de 2011. Que descanse em Paz!
O P. Armando Tavares Pereira Alves, filho de José Pereira Alves e de Maria do Carmo Tavares, membro da Congregação do Preciosíssimo Sangue, nasceu a 11 de Junho de 1950, no Pergulho de Proença-a-Nova e foi ordenado sacerdote a 7 de Julho de 1974.
Foi responsável diocesano pelo Movimento dos Convívios Fraternos; Secretário Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas; Membro do Conselho Pastoral Diocesano e Pároco de Proença-a-Nova, S. Pedro do Esteval, Peral e Cardigos.
1 comentário:
"Ver" partir um amigo, é sempre triste, por muito que a nossa Fé nos diga que nos voltaremos a encontrar.
É isso mesmo, quando perdemos alguém, agarramo-nos ás recordações, para assim minimizar a saudade.
Em união: na dor, na esperança e Fé.
PAZ E BEM.
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