04 julho 2006

primeiro dia


















Comecei ontem a trabalhar na Missão de oSizweni.
Ontem, dia em que a Liturgia celebrou a festa de Santa Isabel de Portugal: não que eu acredite em nacionalismos de qualquer espécie, mas é uma coincidência interessante.

Na segunda-feira, ao chegar a casa, o meu colega – padre Tarcisio Foccoli – deu-me as chaves da carrinha e disse-me “estás por tua conta – pelo menos até ao início de Outubro”. Ele partiu ontem de manhã para Itália, de férias.

O meu primeiro dia foi cheio de novidades – tinha que ser mesmo assim, era o primeiro dia!


Para além de me reunir com três animadores para preparar um encontro de animadores da celebração da Palavra e um retiro com catequistas, estive ocupado a podar algumas árvores à volta da Igreja, cozinhei uma panela de esparguete (éramos cinco ao almoço!) e tentei descobrir – entre as dezenas de chaves – a chave certa para… entrar em casa e na igreja.

Ao princípio da tarde vieram pedir-me para ir ao hospital dar a unção dos enfermos a uma senhora… E eu nem sabia onde era o hospital!
A senhora estava muito mal, nem sei se nos reconheceu… Juntou-se um bom grupo de pessoas à volta da sua cama, fizemos um momento de oração e eu administrei-lhe a unção dos enfermos; o seu estado de saúde não me permitiu dar-lhe a sagrada comunhão.


De seguida fui cumprimentar as outras doentes que se encontravam na enfermaria, procurei saber de onde eram, que mal as afligia... prometi-lhes orações e, enquanto lhes apertava a mão ou lhes fazia uma carícia no rosto, disse-lhes que Deus é o pai que nunca nos deixa sós, nunca. E o olhar que me devolveram era um olhar de ternura e gratidão por aqueles breves momentos.

Quando, ao fim da manhã, me encontrava reunido com os animadores veio-me à mente a ideia de que estávamos a construir a Igreja mas, quando estava no hospital ao pé daquela senhora e das suas companheiras na doença, a convicção que me encheu o coração foi de que éramos presença e consolação de Deus.


7 comentários:

Anónimo disse...

Linda Pe. Zé Martins, a sua experiência no Hospital, sei bem o que se sente nesses sítios, é imensamente gratificante, o muito que recebemos em troca do nada que damos. Bem haja por partilhar connosco os momentos que são para si talvez, mais marcantes... (até a panela do esparguete) ;-) LINDO!
Força, muita força na sua caminhada.
Que o Bom Deus o acompanhe e proteja, nós rezamos por si, sempre - fique certo.
Abraços e muita amizade, e porque não dizê-lo? também alguma saudade.
Fatinha

Anónimo disse...

Não me espanta que a alegria e a comoção ficasse marcada em ti, nessa experiência... Afinal, a consolação de Deus é e será sempre a nossa força, a nossa ansia e até o sentido para a nossa Vida. Obrigado, P. Zé, por mais esta experiência. Quem sabe, nós, por cá, aprendamos assim a dar mais atenção aos que estão piores que nós, e que precisam das nossas palavras, de apoio, carinho, amizade, compreenção...

Obrigado pela partilha e pela amizade.

Abraços...
Nelson...

Anónimo disse...

... y nosotros vibrando con fútbol, aún sabiendo que las auténticas vibraciones se experimentan en lugares como el que tú estás. Siempre nos quedará un MISIONERO que nos reconcielie.

Anónimo disse...

ll

Anónimo disse...

A Igreja é como um jardim, onde todas as flores têm um lugar... as panelas, o esparguete, as reuniões, as podas, o hospital, e os doentes... as carícias que fazemossão as mesmas que recebemos... de muita forma e feitio...
Muitas bênçãos.
Bem hajas!

Anónimo disse...

Passado todo estes dias sem nada aqui ter acrescentado, quer dizer...que o tempo é pouco e as urgências muitas, mas os amigos nunca o esquecem.
Muita força e coragem, para cuidar dos seus mortos, dos seus doentes, das suas crianças e dos seus novos amigos, mas... cuide de si também e da sua saúde.
Abraços do tamanho do mundo... e com o mar por testumunha.

Anónimo disse...

há quanto tempo não escreve, que se passa? está doente, cansado, falta de tempo, ou já se esqueceu da gente?
Espero que seja isso mesmo, que se tenha esquecido de quem cá ficou, apesar de rezar-mos e ter-mos saudades, isso nada o ajuda, verdade?
Todo o bem.
Abraços e muita amizade